O sistema financeiro global está passando por uma reconfiguração profunda, impulsionada por pressões regulatórias, por consumidores e, especialmente, por investidores institucionais. Fundos que aplicam critérios de ESG (ambiental, social e de governança) nas decisões de investimento têm definido o ritmo da nova ordem. Para empresas brasileiras, entender e se adaptar a este movimento se tornou essencial para preservar e expandir sua relevância no mercado internacional.
Hoje, o ESG representa um diferencial competitivo real. Mais do que reputação, ele influencia diretamente o acesso a capital, a participação em cadeias globais de valor e a elegibilidade para acordos internacionais. É praticamente um novo idioma dos negócios: aquelas que não o dominam tendem a perder espaço.
Crescimento dos fundos ESG e acesso a capital
Recentes levantamentos indicam que a integração de fatores ESG entre ativos sob gestão continua crescendo globalmente. Segundo um estudo de 2025 da Morningstar Sustainalytics e da Morningstar Indexes, que entrevistou mais de 500 investidores institucionais responsáveis por US$ 19,1 trilhões em ativos, cerca de 44 % desses ativos já incorporam critérios ESG.
No Brasil, o mercado de fundos sustentáveis segue em expansão. Relatório de meados de 2024 da Itaú BBA apontou que os fundos rotulados como “Investimento Sustentável (IS)” alcançaram R$ 11,4 bilhões sob gestão em junho ,um crescimento de 73 % nos seis meses anteriores.
Este movimento ajuda a tornar o capital mais acessível e atrativo para empresas com práticas ESG robustas ,com potencial para oferecer melhores condições de financiamento, maior liquidez e prazos mais favoráveis.
Barreiras regulatórias verdes e exigência de adaptação imediata
Regulamentações internacionais têm se intensificado, afetando diretamente empresas exportadoras. Um exemplo emblemático é o EU Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), da União Europeia, em vigor desde outubro de 2023. Atualmente, o CBAM está em fase de transição, exigindo que importadores relatem as emissões de carbono dos produtos importados. A partir de 2026 será cobrada a compensação equivalente às emissões incorporadas no bem importado. Os setores inicialmente afetados incluem aço, alumínio, cimento, fertilizantes, eletricidade e hidrogênio, atividades intensivas em carbono. Para empresas brasileiras exportadoras, especialmente aquelas com produção nos setores citados, a adaptação torna-se urgente. Isso exige investimentos em tecnologia limpa, rastreabilidade da cadeia de produção e relatórios transparentes de emissões. A falta de adequação pode resultar em barreiras comerciais significativas, com risco real de perda de acesso a mercados importantes.
ESG como diferencial competitivo nas cadeias globais de valor
Empresas brasileiras que internalizam práticas ESG de forma estratégica e com governança estruturada ganham vantagens em negociações com compradores globais ,especialmente na Europa, América do Norte e Ásia. A adoção desses padrões reduz riscos percebidos, melhora a classificação de crédito e facilita parcerias internacionais. O ESG deixa de ser um custo e se transforma em valor agregado.
A lógica se aplica a diversos setores: energia renovável, tecnologia, agronegócio, infraestrutura, alimentos, têxteis, turismo, e também a pequenas e médias empresas e startups que demonstram aderência a padrões ESG. Essas empresas têm conseguido acesso a plataformas de fomento global, como International Finance Corporation (IFC), BID Invest e outros organismos multilaterais, que priorizam investimentos alinhados à sustentabilidade.
Oportunidade histórica para o Brasil
O Brasil vive um momento singular para reposicionar-se globalmente como fornecedor de soluções sustentáveis. Há uma janela estratégica para que empresas e governos locais articulem uma agenda internacional de negócios verdes ,unindo competitividade global, responsabilidade socioambiental e desenvolvimento sustentável.
Para isso, é necessário mais do que discurso institucional: exige-se capacidade técnica, governança corporativa, transparência e articulação internacional. Alinhar o potencial nacional às exigências globais não é apenas uma estratégia de marketing: é a base para vantagens competitivas duradouras.
A visão da BRING
Na opinião da BRING, negócios internacionais no Brasil devem ser orientados por uma abordagem estratégica com visão de longo prazo ,que leve em conta os desafios e as oportunidades de um mercado global cada vez mais regulado por padrões ESG.
Empresas brasileiras que adotarem essa postura estarão mais bem posicionadas para acessar capital qualificado, firmar parcerias internacionais e expandir fronteiras de maneira sustentável e consistente. ESG não é mais um diferencial opcional: tornou-se pré‑requisito para operar em escala global.

