A corrida global pelo hidrogênio verde já começou e com ela, vieram os critérios. Se antes bastava ter sol, vento e água para se destacar no cenário da energia limpa, agora é preciso mais: provar, com dados e padrões internacionais, que o hidrogênio produzido no Brasil é, de fato, sustentável do início ao fim da cadeia.
Um novo padrão: o SBCH2 e a necessidade de credibilidade
O Brasil deu um passo importante com a criação do Sistema Brasileiro de Certificação de Hidrogênio (SBCH2), instituído pela Lei 2.308/23. A proposta é criar um selo reconhecido internacionalmente, que ateste que o hidrogênio produzido no país atende aos critérios técnicos e ambientais exigidos por compradores internacionais — como União Europeia, Alemanha e Japão.
A certificação será voluntária em um primeiro momento, mas a tendência é que se torne condição básica para acesso a mercados estratégicos. Por isso, a interoperabilidade com padrões internacionais, como o CertifHy da Europa e o Green Hydrogen Standard (GH2), é um dos pilares da proposta brasileira.
Europa e EUA: exigência é palavra de ordem
Para conquistar mercados exigentes como o europeu, os produtores brasileiros precisarão comprovar que suas operações emitem, no máximo, 1 kg de CO₂e por quilo de hidrogênio produzido (padrão GH2). A certificação europeia, por sua vez, exige uma redução de emissões superior a 70% em relação aos combustíveis fósseis, conforme os critérios da Renewable Energy Directive (RED II).
Isso significa que não basta gerar energia com fontes limpas. Será necessário monitorar e reportar todo o ciclo de vida da produção, desde a geração da eletricidade até a entrega do hidrogênio, com rigor técnico e rastreabilidade.
O Brasil está pronto?
A boa notícia é que o Brasil não parte do zero. Estados como o Ceará já estão à frente, com hubs como o Complexo Industrial e Portuário do Pecém sendo preparados para a exportação de H₂V. Empresas como a Unigel e parcerias com o Porto de Roterdã mostram que há movimento real em direção à internacionalização.
Além disso, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) já iniciou a estruturação de modelos de certificação voluntária baseados na RED II, aproximando o Brasil dos critérios europeus.
Por que isso importa para os negócios?
A certificação internacional de hidrogênio verde não é apenas uma exigência técnica, é uma vantagem competitiva estratégica. Empresas que se adaptarem mais rapidamente poderão acessar acordos bilaterais, fundos de transição energética e contratos com prazos mais longos e margens mais atrativas.
Além disso, demonstrar conformidade com padrões internacionais ajuda a atrair investimentos, ampliar a reputação internacional e consolidar o Brasil como fornecedor confiável de energia limpa no Sul Global.
Conclusão: o selo verde vale ouro
Certificar o hidrogênio como verde não é um capricho, é uma exigência de mercado. E o Brasil, com sua matriz energética renovável e capacidade produtiva, tem tudo para se tornar protagonista. Mas, para isso, será preciso investir em rastreabilidade, auditoria, tecnologia e, sobretudo, credibilidade internacional.
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