Diplomacia econômica: a chave dos negócios


Num contexto de fragmentação geopolítica e reconfiguração de fluxos comerciais globais, a diplomacia volta ao centro da estratégia brasileira de desenvolvimento. 

A diplomacia econômica contemporânea vai muito além de embaixadas e tratados. Ela atua como uma plataforma de articulação estratégica que conecta empresas, governos e investidores estrangeiros, promovendo o país como um polo confiável de inovação, tecnologia e soluções urbanas. Com uma política externa soberana e pragmática, o Brasil reforça sua posição de liderança no Sul Global.

Ao adotar uma abordagem que valoriza suas potencialidades internas, o Brasil se posiciona não apenas como fornecedor de commodities, mas como ator de relevância estratégica para países e blocos em busca de negócios seguros.

Fôlego à competitividade empresarial

As empresas brasileiras enfrentam uma série de obstáculos estruturais em sua inserção internacional como altos custos logísticos, insegurança jurídica e barreiras tarifárias. Uma política externa ativa, conectada às demandas do setor produtivo, tem se mostrado essencial para reverter esse cenário.

Estudos do Banco Mundial apontam que países com estratégia diplomática voltada à internacionalização empresarial registram aumento médio de 16% nas exportações de pequenas e médias empresas. No caso brasileiro, ações como os acordos de facilitação de comércio firmados com parceiros da América Latina e da Ásia contribuem para simplificar processos, ampliar a previsibilidade e reduzir custos de transação.

Além disso, a recente reaproximação com blocos como União Europeia, BRICS e países do Golfo impulsiona a abertura de canais técnicos para cooperação em setores-chave como energia, agricultura de precisão e tecnologia limpa, todos com alta densidade de empresas nacionais em operação ou desenvolvimento.

Estados e municípios como atores

O federalismo brasileiro tem dado espaço a uma política externa descentralizada, na qual estados e grandes municípios exercem papel ativo na busca por investimentos, acordos de cooperação e inserção em redes globais. Essa atuação subnacional fortalece o protagonismo brasileiro sem comprometer sua soberania, ao contrário, reforça sua capacidade institucional.

A Bahia, por exemplo, com superávit comercial de US$ 2,8 bilhões em 2023 (dados do ComexVis), diversificou sua pauta exportadora e fortaleceu vínculos com mercados como China, Canadá e Estados Unidos. Isso se deu por meio de ações diplomáticas estaduais, associadas à promoção de eventos, participação em missões técnicas e desenvolvimento de parcerias comerciais e acadêmicas.

Casos como o de Minas Gerais, que em 2024 lançou uma plataforma digital de atração de investimentos com tradução simultânea em cinco idiomas, e o de Pernambuco, que criou uma secretaria exclusiva para relações internacionais, evidenciam como a diplomacia descentralizada tem sido adotada como política de Estado por unidades federativas brasileiras.

Investimento e PPPs

A diplomacia econômica também cumpre papel essencial na estruturação de parcerias público-privadas (PPPs) e concessões em setores estratégicos como infraestrutura, mobilidade, saneamento e transição energética. O Brasil, mesmo diante de restrições fiscais, manteve em 2023 a liderança latino-americana em captação de FDI, com mais de US$ 70 bilhões, segundo a UNCTAD.

O setor de energia renovável é exemplar. Com 93% da geração elétrica proveniente de fontes limpas (dados da EPE), o país tem atraído aportes internacionais em projetos de eólica, solar e hidrogênio verde. Diversos desses projetos envolvem consórcios internacionais e governos locais, com articulação institucional viabilizada por canais diplomáticos.

A lógica se estende a concessões portuárias, mobilidade urbana e saneamento básico. Municípios como São Paulo, Salvador, Curitiba e Porto Alegre vêm estruturando leilões com suporte de organismos multilaterais e consultorias técnicas, ampliando a atratividade para investidores internacionais e assegurando contrapartidas para o desenvolvimento social e ambiental.

BRING: conectando interesses brasileiros ao mundo

Com sedes no Brasil, Inglaterra e Portugal, a BRING atua como facilitadora da internacionalização de empresas e governos, bem como da atração de investimentos diretos estrangeiros. A consultoria desenvolve estratégias sob medida para cada território ou organização, a partir de inteligência geopolítica, mapeamento de oportunidades e articulação institucional.

Sua atuação está centrada em promover soluções que respeitam e valorizam a soberania brasileira, conectando estados, municípios e empresas nacionais a plataformas globais de financiamento, inovação e comércio, sempre com prioridade aos interesses locais.

Negócios sem fronteiras, soberania como princípio

A diplomacia econômica não é um fim em si mesma, mas um instrumento do Brasil para proteger seus interesses, abrir mercados e liderar com propósito. Seja através de acordos internacionais, da cooperação descentralizada ou de projetos de investimento estruturados, o país pode – e deve – se posicionar como um ator global respeitado, que negocia com firmeza e coopera com inteligência.

Nesse cenário, “negócios sem fronteiras” é mais do que um lema. É o reflexo de uma política externa moderna, pragmática e alinhada com os anseios de empresas e governos locais. É a materialização de uma ambição: transformar a força interna do Brasil em influência global, sem abrir mão de sua autonomia.