Missões Internacionais e FDI


Com a crescente disputa global por capital estrangeiro, os estados e municípios brasileiros precisam ir além da promoção passiva e assumirem o protagonismo na articulação com investidores. Nesse contexto, as missões internacionais deixam de ser apenas agendas protocolares e passam a representar ferramentas estratégicas de atração de investimentos estrangeiros.

Mas para que essas ações tenham impacto real e gerem acordos concretos, é preciso abandonar a lógica do turismo institucional e operar sob um modelo profissionalizado, com inteligência de mercado, objetivos claros e articulação institucional prévia. O Brasil possui ativos altamente desejáveis, como energia limpa, agronegócio e biodiversidade, mas ainda carece de estrutura para apresentá-los corretamente ao mundo.

A questão que se impõe é: como transformar uma missão internacional em uma plataforma real de negócios e investimentos?

Planejamento técnico e alinhamento institucional

A missão internacional começa muito antes da viagem. Para gerar resultados, é preciso clareza sobre os setores prioritários, projetos em carteira e stakeholders estratégicos. A OCDE aponta que missões com diagnóstico prévio, governança definida e metas claras têm 47% mais chances de converter agendas em negócios concretos.

Exemplo recente é o caso da Usaflex, empresa brasileira do setor calçadista. Em 2023, a Usaflex anunciou investimento de US$ 3 milhões para expansão comercial no Equador, abriu sua primeira loja em Quito e planeja 15 pontos de venda na América Latina. Além disso, a marca já exporta cerca de 10% de sua produção para mercados como Kuwait, Arábia Saudita e Oriente Médio, e possui lojas licenciadas nestes países. Esse movimento de internacionalização foi resultado de planejamento estratégico, conhecimento de mercado e curadoria de interlocutores nos países-alvo, comprovando que empresas brasileiras, mesmo fora dos setores tradicionais de exportação, podem utilizar missões comerciais como plataforma de atração de investimentos e ampliação de mercado.

Curadoria qualificada de agendas e interlocutores certos

A efetividade da missão está diretamente ligada à qualidade dos encontros. Dados da UNCTAD Investment Promotion Guide mostram que o retorno de investimento em agendas bilaterais bem estruturadas pode ser até 5 vezes superior ao de missões amplas e genéricas. 

Estados que conseguem articular reuniões com fundos soberanos, bancos de desenvolvimento, câmaras de comércio, agências multilaterais e hubs setoriais ampliam suas chances de fechar acordos. Em 2022, a ApexBrasil indicou que 82% das empresas participantes de missões com agendas qualificadas iniciaram negociações internacionais no prazo de seis meses. 

Durante a Missão Internacional do Consórcio Nordeste à Europa, em 2024, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, assinou um memorando com a Eletrobras para viabilizar a produção de hidrogênio verde e seus derivados no Complexo Industrial do Pecém. A agenda da missão incluiu reuniões com empresas do setor energético, autoridades europeias e atores institucionais estratégicos. 

Esse exemplo ilustra como a seleção de interlocutores com alinhamento setorial (energia renovável, transição energética) e a assinatura formal de compromissos com uma estatal de peso permitem transformar uma missão institucional em plataforma concreta de atração de investimentos.

Pós-missão: onde a maioria erra

A ausência de um plano de acompanhamento pós-missão é um dos maiores gargalos das estratégias públicas de internacionalização. Conforme a World Association of Investment Promotion Agencies (WAIPA), apenas 38% dos países em desenvolvimento mantêm estruturas institucionais para realizar follow-up sistemático com leads de investimento. O retorno aos interlocutores, a entrega de materiais técnicos sob medida, a proposição de missões inversas e o fortalecimento dos canais institucionais são etapas indispensáveis para transformar intenções em compromissos. 

Investidores internacionais operam com critérios objetivos: previsibilidade, acompanhamento e clareza institucional. A presença de escritórios de representação, mecanismos locais de suporte e pontos de contato institucionalizados não apenas facilitam o processo de decisão, mas também demonstram maturidade por parte do ente público ou privado. Missões bem-sucedidas são aquelas que deixam portas abertas, e garantem que alguém esteja lá para recebê-las.

A atuação da BRING: transformando missão em investimento

Na BRING Consulting, desenvolvemos um modelo proprietário de planejamento e execução de missões internacionais com foco em resultados. Nossa metodologia BRIDGE integra análise de risco, curadoria de agendas, mapeamento de oportunidades e ativação de redes estratégicas, conectando empresas e governos a fundos, câmaras e hubs internacionais.

Assessoramos governos estaduais e municipais na estruturação de suas estratégias de internacionalização, garantindo que cada missão não apenas represente, mas concretize.

Mais do que intermediadores, atuamos como inteligência de negócios, diplomacia econômica e articuladores entre o Brasil e os mercados mais estratégicos do mundo.

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