A evolução do mercado de carbono e sua importância para o futuro mais verde

Na direção à Agenda 2030, o mercado de carbono emerge como uma ferramenta essencial no combate contra as mudanças climáticas, incentivando a redução de emissões de gases de efeito estufa através de um modelo econômico sustentável. O artigo desta semana explora a evolução desse mercado e destaca sua importância vital para alcançar um futuro sustentável. Segue o fio:

A origem e evolução do Mercado de Carbono

O conceito de mercado de carbono foi introduzido globalmente com o Protocolo de Kyoto em 1997, estabelecendo a base para o comércio de emissões de carbono. Desde então, o mercado tem evoluído, adaptando-se às novas realidades econômicas e ambientais e expandindo-se para incluir esquemas nacionais e regionais de comércio de emissões.

Qual é a sua importância?

O mercado de carbono cria um incentivo financeiro para que empresas e países reduzam suas emissões de gases de efeito estufa, promovendo investimentos em tecnologias limpas e práticas sustentáveis. Além de ser um aliado na corrida contra o caos climático, o mercado de carbono fomenta uma transição econômica para modelos de negócios mais verdes, gerando empregos e promovendo a inovação sustentável.

Em 2021, o mercado global de carbono viu um crescimento impressionante, com o valor dos mercados de dióxido de carbono (CO₂) negociados aumentando 164% para alcançar um recorde de 760 bilhões de euros (aproximadamente $851 bilhões). Este crescimento foi impulsionado em grande parte pelo Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS), o mercado de carbono mais estabelecido do mundo, que começou em 2005 e representou 90% do valor global, chegando a 683 bilhões de euros​​.

Além disso, as receitas provenientes de impostos sobre carbono e Sistemas de Comércio de Emissões (ETS) atingiram um novo recorde, cerca de $95 bilhões, segundo o relatório anual “State and Trends of Carbon Pricing” de 2023 do Banco Mundial. Este aumento é notável, considerando o contexto desafiador que os governos enfrentaram, incluindo alta inflação, pressões fiscais e crises energética

Crescimento do Mercado de Carbono no Brasil:

Segundo um relatório da Fundação Getúlio Vargas, citando dados do Ecosystem Marketplace, houve um aumento significativo no volume de créditos de carbono gerados no Brasil, com um crescimento de 236% em 2021 em relação a 2020 e de 779% em comparação a 2019. Esse crescimento é atribuído ao mercado de carbono voluntário, impulsionado pela demanda por créditos de carbono.

Potencial de Geração de Receita:

A Internacional Chamber of Commerce (ICC) do Brasil aponta que o país tem potencial para gerar até US$ 100 bilhões em receita com créditos de carbono até 2030, podendo suprir entre 5% a 37,5% da demanda global atrelada a compromissos empresariais.

Perfil do Mercado Brasileiro:

O Brasil ocupa a quarta posição mundial em volume de créditos de carbono gerados, com projetos dominados principalmente por Energia (63%) e Agricultura, Floresta e Outros Usos da Terra (25%), segundo dados da Verra.

Mercados Regulados de Carbono:

Existem atualmente 36 mercados regulados de carbono em vigor ou em fase de implementação ao redor do mundo, cobrindo mais de 17% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEEs), conforme o Banco Mundial. Esses mercados são ferramentas poderosas para a redução da pegada climática, incentivando ações climáticas nos setores com custos mais baixos.

Opiniões de Especialistas:

Especialistas como Camila Chabar, gerente de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da EY Brasil, e Bruno Brazil, diretor técnico da brCarbon, destacam a importância do mercado voluntário e a crescente demanda por créditos de carbono. Eles apontam para a necessidade de regulamentação para impulsionar ainda mais o mercado e gerar segurança para os investidores.

Valorização dos Créditos de Carbono:

A comercialização do Verified Carbon Units (VCU) viu um aumento significativo de valor, começando em US$ 4,3 no início de 2021, saltando para US$ 8,50 no fim do mesmo ano e atingindo US$ 15 a US$ 16 em maio de 2022, evidenciando o crescimento exponencial do valor do ativo e do volume de negócios no mercado de carbono.

Engajamento global, desafios e oportunidades

 O mercado de carbono envolve tanto esforços globais quanto iniciativas locais, permitindo que países, regiões e empresas de diferentes tamanhos contribuam para o combate às mudanças climáticas. Mas, apesar do seu potencial transformador, desafios como a falta de padronização global e preocupações com a integridade ambiental das compensações de carbono ainda precisam ser superados. Contudo, a crescente conscientização e comprometimento com objetivos climáticos globais oferecem uma oportunidade sem precedentes para fortalecer e expandir este mercado.

A verdade é que o mercado de carbono é uma peça chave para alcançar um futuro sustentável, oferecendo um caminho viável para a redução das emissões globais de carbono. À medida que evolui, sua importância só tende a crescer, desempenhando um papel crucial na transição global para uma economia de baixo carbono. A participação ativa de todos os setores é fundamental para maximizar seu impacto e garantir um planeta mais saudável para as futuras gerações.

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